segunda-feira 16 de janeiro de 2006
O Aquecimento global é um fenômeno climático de larga extensão—um
aumento da temperatura média superficial global que vem acontecendo nos últimos
150 anos. Entretanto, o significado deste aumento de temperatura ainda é
objecto de muitos debates entre os cientistas. Causas naturais ou
antropogênicas (provocadas pelo homem) têm sido propostas para explicar o
fenômeno.
Grande parte da comunidade científica acredita que o aumento de
concentração de poluentes antropogênicos na atmosfera é causa do efeito estufa.
A Terra recebe radiação emitida pelo Sol e devolve grande parte dela para o
espaço através de radiação de calor. Os poluentes atmosféricos estão retendo
uma parte dessa radiação que seria refletida para o espaço,
em condições normais. Essa parte retida causa um importante aumento do aquecimento global.
A principal evidência do aquecimento global vem das medidas de
temperatura de estações metereológicas em todo o globo desde 1860. Os dados com
a correção dos efeitos de "ilhas urbanas" mostra que o aumento médio
da temperatura foi de 0.6+-0.2
Cdurante o
século XX. Os maiores aumentos foram em dois períodos:
1910 a1945 e 1976 a 2000. (fonte IPCC).
Evidências secundárias são obtidas através da observação das
variações da cobertura de neve das montanhas e de áreas geladas, do aumento do
nível global dos mares, do aumento das precipitações, da cobertura de nuvens,
do El Niño e outros eventos extremos de mau tempo durante
o século XX.
Por exemplo, dados de satélite mostram uma diminuição de 10% na área
que é coberta por neve desde os anos60. A área da cobertura de gelo no hemisfério
norte na primavera e verão também diminuiu em cerca de 10% a 15% desde 1950 e
houve retração das montanhas geladas em regiões não polares
durante todo o século XX.(Fonte: IPCC).
Causas
Mudanças climáticas ocorrem devido a factores internos e
externos. Factores internos são aqueles associados à complexidade derivada do
facto dos sistemas climáticos serem sistemas caóticos não lineares. Fatores
externos podem ser naturais ou antropogênicos.
O principal factor externo natural é a variabilidade da radiação
solar, que depende dos ciclos solares e do facto de que a temperatura interna
do sol vem aumentando. Fatores antropogênicos são aqueles da influência humana
levando ao efeito estufa, o principal dos quais é a emissão de sulfatos que
sobem até a estratosfera causando depleção da camada de ozônio (fonte:IPCC)
Cientistas concordam que factores internos e externos naturais
podem ocasionar mudanças climáticas significativas. No último milénio dois
importantes períodos de variação de temperatura ocorreram: um período quente
conhecido como Período Medieval Quente e um frio conhecido como Pequena Idade
do Gelo. A variação de temperatura desses períodos tem magnitude similar ao do
atual aquecimento e acredita-se terem sido causados por fatores internos e
externos somente. A Pequena Idade do Gelo é atribuída à redução da atividade solar e alguns cientistas
concordam que o aquecimento terrestre observado desde 1860 é uma reversão
natural da Pequena Idade do Gelo ( Fonte: The Skeptical Environmentalist).
Entretanto grandes quantidades de gases tem sido emitidos para a
atmosfera desde que começou a revolução industrial,
a partir de 1750 as emissões de dióxido de carbono aumentaram 31%, metano 151%,
óxido de nitrogênio 17% e ozônio troposférico 36% (Fonte IPCC).
A maior parte destes gases são produzidos
pela queima de combustíveis fósseis. Os cientistas pensam que a redução das áreas de florestas tropicais tem
contribuído, assim como as florestas antigas, para o aumento do carbono. No
entanto florestas novas nos Estados Unidos e na Rússia contribuem para absorver
dióxido de carbono e desde 1990
a quantidade de carbono absorvido é maior que a
quantidade liberada no desflorestamento. Nem todo dióxido de carbono emitido
para a atmosfera se acumula nela, metade é absorvido pelos mares e florestas.
A real importância de cada causa proposta pode somente ser
estabelecida pela quantificação exacta de cada factor envolvido. Factores
internos e externos podem ser quantificados pela análise de simulações baseadas
nos melhores modelos climáticos.
A influência de fatores externos pode ser comparada usando
conceitos de força radiotiva. Uma força radiotiva positiva esquenta o planeta e
uma negativa o esfria. Emissões antropogênicas de gases, depleção do ozônio
estratosférico e radiação solar tem força radioativa positiva e aerosóis tem o
seu uso como força radiotiva negativa.(fonte IPCC).
Modelos climáticos
Simulações climáticas mostram que o aquecimento ocorrido de 1910
até 1945 podem ser explicado somente por forças internas e naturais (variação
da radiação solar) mas o aquecimento ocorrido de
1976 a 2000 necessita da
emissão de gases antropogênicos causadores do efeito estufa para ser explicado.
A maioria da comunidade científica está actualmente convencida de que uma
proporção significativa do aquecimento global observado é causado pela emissão
de gases causadores do efeito estufa emitidos pela actividade humana. (Fonte
IPC)
Esta conclusão depende da exactidão dos modelos usados e da
estimativa correcta dos factores externos. A maioria dos cientistas concorda
que importantes características climáticas estejam sendo incorrectamente
incorporadas nos modelos climáticos, mas eles também pensam que modelos melhores
não mudariam a conclusão. (Source: IPCC)
Os críticos dizem que há falhas nos modelos e que factores
externos não levados em consideração poderiam alterar as conclusões acima. Os
críticos dizem que simulações climáticas são incapazes de modelar os efeitos resfriadores
das partículas, ajustar a retroalimentação do vapor de água e levar em conta o
papel das nuvens. Críticos também mostram que o Sol pode ter uma maior cota de
responsabilidade no aquecimento global actualmente observado do que o aceite
pela maioria da comunidade científica. Alguns efeitos solares indirectos podem
ser muito importantes e não são levados em conta pelos modelos. Assim, a parte
do aquecimento global causado pela acção humana poderia ser menor do que se
pensa actualmente. (Fonte: The Skeptical Environmentalist)
Efeitos
Devido aos efeitos potenciais sobre a saúde humana, economia e
meio ambiente o aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação.
Algumas importantes mudanças ambientais tem sido observadas e foram ligadas ao
aquecimento global. Os exemplos de evidências secundárias citadas abaixo
(diminuição da cobertura de gelo, aumento do nível do mar, mudanças dos padrões
climáticos) são exemplos das consequências do aquecimento global que podem
influenciar não somente as actividades humanas mas também os ecosistemas.
Aumento da temperatura global permite que um ecosistema mude; algumas espécies
podem ser forçadas a sair dos seus habitats (possibilidade de extinção) devido
a mudanças nas condições enquanto outras podem espalhar-se, invadindo outros
ecossistemas.
Entretanto, o aquecimento global também pode ter efeitos
positivos, uma vez que aumentos de temperaturas e aumento de concentrações de
CO2 podem aprimorar a produtividade
do ecosistema. Observações de satélites mostram que a produtividade
do hemisfério Norte aumentou desde 1982. Por outro lado é fato de que o total
da quantidade de biomassa produzida
não é necessáriamente muito boa, uma vez que a biodiversidade pode no silêncio
diminuir ainda mais um pequeno número de espécie que esteja florescendo.
Uma outra causa grande preocupação é o aumento do nível do mar. O
nível dos mares está aumentando em 0.01 a 0.02 metros por década
e em alguns países insulares no Oceano Pacífico são expressivamente
preocupantes, porque cedo eles estarão debaixo de água. O aquecimento global
provoca subida dos mares principalmente por causa da expansão térmica da água
dos oceanos, mas alguns cientistas estão preocupados que no futuro, a camada de
gelo polar e os glaciares derretam. Em consequência haverá aumento do nível,em muitos metros. No momento, os cientistas não esperam um maior derretimento nos próximos 100 anos.
(Fontes: IPCC para os dados e as publicações da grande imprensa para as
percepções gerais de que as mudanças climáticas).
Como o clima fica mais quente, a evaporação aumenta. Isto provoca
pesados aguaceiros e mais erosão. Muitas pessoas pensam que isto poderá causar
resultados mais extremos no clima como progressivo aquecimento global.
O aquecimento global também pode apresentar efeitos menos óbvios.
A Corrente do Atlântico Norte,por exemplo, provocada por diferenças entre a
temperatura entre os mares. Aparentemente ela está diminuindo conforme as
médias da temperatura global aumentam, isso significa que áreas como a
Escandinávia e a Inglaterra que são aquecidas pela corrente devem apresentar
climas mais frios a despeito do aumento do calor global.
Painel Intergovernamental sobre as Mudanças do Clima
(IPCC)
Como este é um tema de grande importância, os govenos precisam de
previsões de tendências futuras das mudanças globais de forma que possam tomar
decisões políticas que evitem impactos indesejáveis. O aquecimento global está
sendo estudado pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). O último
relatório do IPCC faz algumas previsões a respeito das mudanças climáticas.
Tais previsões são a base para os actuais debates políticos e científicos.
As previsões do IPCC baseiam-se nos mesmos modelos utilizados
para estabelecer a importância de diferentes factores no aquecimento global.
Tais modelos alimentam-se dos dados sobre emissões antropogênicas dos gases
causadores de efeito estufa e de aerosóis, gerados a partir de 35 cenários
distintos, que variam entre pessimistas e optimistas. As previsões do
aquecimento global dependem do tipo de cenário levado em consideração, nenhum
dos quais leva em consideração qualquer medida para evitar o aquecimento
global.
O último relatório do IPCC projecta um aumento médio de
temperatura superficial do planeta entre 1,4 e 5,8º C entre 1990 a 2100. O nível do mar
deve subir de 0,1 a 0,9 metros nesse mesmo período.
Apesar das previsões do IPCC serem consideradas as melhores
disponíveis, elas são o centro de uma grande controvérsia científica. O IPCC
admite a necessidade do desenvolvimento de melhores modelos analíticos e
compreensão científica dos fenômenos climáticos, assim como a existência de
incertezas no campo. Críticos apontam para o facto de que os dados disponíveis
não são suficientes para determinar a importância real dos gases causadores do efeito
estufa nas mudanças climáticas. A sensibilidade do clima aos gases estufa
estaria sendo sobrestimada enquanto fatores externos subestimados.
Por outro lado, o IPCC não atribui qualquer probabilidade aos
cenários em que suas previsões são baseadas. Segundo os críticos isso leva a
distorções dos resultados finais, pois os cenários que predizem maiores
impactos seriam menos passíveis de concretização por contradizerem as bases do
racionalismo económico.
Convenção-Quadro Sobre Mudanças Climáticas e o Protocolo
de Kioto
Mesmo havendo dúvidas sobre sua importância e causas, o
aquecimento global é percebido pelo grande público e por diversos líderes
políticos como uma ameaça potencial. Por se tratar de um cenário semelhante ao
da tragédia dos comuns, apenas acordos internacionais seriam capazes de propôr
uma política de redução nas emissões
de gases estufa que, de outra forma, os países evitariam implementar de forma
unilateral. Do Protocolo de Kioto a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas foram ratificadas por todos os países industrializados que concordaram em reduzir suas emissões abaixo do nível registrado em
1990. Ficou acertado que os países em desenvolvimento ficariam isentos do
acordo. Contudo, President Bush, presidente dos os Estados Unidos — país
responsável por cerca de um terço das emissões mundiais, decidiu manter o seu
país fora do acordo. Essa decisão provocou uma acalorada controvérsia ao redor
do mundo, com profundas ramificações políticas e ideológicas.
Para avaliar a eficácia do Protocolo de Kioto, é necessário
comparar o aquecimento global com e sem o acordo. Diversos autores
independentes concordam que o impacto do protocolo no fenômeno é pequeno (uma
redução de 0,15 num aquecimento de
2ºC em 2100). Mesmo alguns defensores de Kioto concordam que seu impacto é reduzido, mas o vêem como um primeiro passo com mais
significado político que prático, para futuras reduções.
No momento, é necessária uma analise feita pelo IPCC para resolver essa
questão.
O Protocolo de Kioto também pode ser avaliado comparando-se
ganhos e custos. Diferentes análises econômicas mostram que o Protocolo de
Kioto pode ser mais dispendioso do que o aquecimento global que procura evitar.
Contudo, os defensores da proposta argumentam que enquanto os cortes iniciais
dos gases estufa têm pouco impacto, eles criam um precedente para cortes
maiores no futuro.
Fonte: www.jornaldomeioambiente.com.br
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